quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Saídas Invisíveis ou Fingindo Demência para (tentar) Seguir Adiante ou "sobre o Desrespeito"



Faz uma meia hora que estou aqui tentando organizar o pensamento para ver se consigo escrever algo que faz sentido. Este blog, para quem é novo na área, funciona meio que como um psicólogo virtual => venho aqui e "compartilho minhas sabedorias", ja que nao posso sair gritando pela rua praguejando contra tudo o que está me irritando.

E o mundo tá BEM difícil, em caps lock e negrito. E falarei da MINHA perspectiva, então se seu mundo está lindo este texto será de ficção científica para você, e sugiro que pare de ler porque você achará honestamente que eu tomei chá de Daime para ter esta imaginação tão maravilhosa.

Aos que ficaram e também tem percebido que o mundo está difícil, me diz => como vocês tem prosseguido? De onde vocês tiram forças? Ou esperança? Ou forças = esperança por estes dias?

Porque assim => tenho recebido email de ex-aluno que era Diretor na empresa onde começou como office boy, e foi mandado embora e estava desesperado perguntando sobre concurso público dos Correios para ser carteiro (sim, isto é verdade e tenho os emails guardados para comprovar).

Ou então alunos me procuram falando que trancarão a faculdade no último semestre porque TODOS da família dele estão desempregados (pai-mãe-3 irmãos). Ou então trancarão porque precisam de estágio para se formar, mas tem estágio pagando $400 dinheiros por 20 horas semanais e isto não paga sequer o metrô que aqui em SP está em $3,50.

Ou então ex-alunos que fizeram carreira na empresa e foram dispensados. Ou ex-colegas de trabalho desesperados para fazer correção de TCCs ou revisão de texto ou aulas substitutivas caso o professor titular falte porque ela e o cônjuge estão desempregados.

Não falarei a respeito dos salões de manicure e cabeleireiro que ligam e mandam mensagem perguntando se não quero marcar horário (aos que acharem isto futilidade, só lamento). Da lavanderia que pergunta se não quero que vá em casa buscar as roupas para lavar, já que faz tempo que não apareço. Da pessoa que pede para conversar comigo porque ela havia acabado de ser demitida e precisava desabafar.

Não falarei a respeito de ir ao supermercado com $100 e não conseguir comprar nada além do básico (eu escrevi básico, não supérfluo, atente para a diferença). Não falarei também que tem quarteirões inteiros próximos à minha casa de lojas fechadas. Lojas que existiam desde antes de eu me mudar para a região, há mais de 15 anos.

Não falarei de conhecidos vários que tem empresas e cortaram o staff pela metade, tomando o cuidado de não mandar mais de um por família embora, já que tem lugar onde pai e mãe e filhos trabalham na mesma firma.

Também me absterei de falar de pessoas que, apesar de estar esta "belezinha" (SARCASMO CASO NÃO TENHA FICADO CLARO), trabalham de má vontade. Reclamam. "É o nosso direito", ou então "isto não faz parte do meu trabalho", etc. Tenho conhecidos donos de empresa, tenho conhecidos funcionários de empresa. (Mas graças aos deuses não tenho conhecidos alienados.)

E isto, aqui. Não falarei também que não consigo ver imagens ou ler textos sobre os refugiados fugindo a pé da Síria com crianças e a roupa do corpo. É muita dor. É muito sofrimento. Mas vamos nos ater à nossa terrinha...

Sabe que apesar de eu não falar disto tudo, eu ainda fico chocada? E sabe com o que? Não é com quem defende coisa que eu, honestamente, não entendo, ou com gente que vive em uma realidade que não esta ai que eu escrevi bem resumidamente (que bom para estes, espero que a realidade deles se espalhe para todos, eu inclusa). O que me choca é o desrespeito com que as observações alheias são tratadas. Com o desrespeito de ficar apontando culpados ao invés de assumir a parte que cabe a cada um. Com o desrespeito de tergiversar ao invés de assumir. Com o desrespeito de sempre ser culpa do outro. Com o desrespeito que beira - e vira - descaso.

Sim, se você já leu outros posts, sabe que não gosto de ficar só reclamando ou apontando defeito. Sou favorável a arregaçar as mangas e TENTAR, ao menos t-e-n-t-a-r, achar uma solução para os problemas que batem diariamente às nossas portas. Só que tem horas que a gente precisa desabafar um pouco para que isto não vire uma bola de neve que nos queima por dentro.

Porque para mim, leiga e limitada que sou, acredito que as saídas das ciladas geralmente são as mais simples. Só que estas são, acreditem, invisíveis. E só são encontradas quando o respeito mínimo é (re)estabelecido. Algo que deve ser feito por todos. Lembrando que humildade e respeito, já dizia a lenda, andam de mãos dadas.

Mas aí eu acho que já estou falando além do que deveria...

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